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Sábado, 08h30.
Saio com tempo e vou a pé para o trabalho.
A neblina ligeira traz o cheiro distante a mar.
O passo, inicialmente acelerado, desfaz-se em lentidão.
Há minha volta silêncio, apenas entrecortado pelo canto dos pássaros.
Um grito de gaivota. O arrulhar de um pombo. Um melro. Um corvo.
As árvores maioritariamente despidas a lembrar o inverno que as arrefece, não se mexem.
Tudo é silêncio. Até o ar está parado.
Não há carros. Não me cruzo com ninguém. Os meus passos são silêncio.
Apenas eu no mundo. Faço-me silêncio na solidão.
E o tempo corre mais devagar.
Já perto do fim do caminho a voz de uma qualquer rádio vem de uma janela aberta, lembrando que o mundo continua lá.
Rodo a chave na fechadura, mas dentro de mim perdura o silêncio, numa paz que há muito me fugia.
Esvaziada de pensamento, finalmente me sinto pronta para seguir o dia.
Quiquera