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Há dias em que te odeio.
Não me entendas mal, continuo a ter saudades tuas.
Mas odeio-te nalguns dias!
Ok, não te odeio a ti, pessoa que és, mas ao que me trouxeste.
Zango-me por me teres feito acreditar que a vida podia ser melhor, ou, pelo menos, mais do que isto.
Pouco há de pior que convencer um pessimista a dar um espaço ao optimismo. Depois quando as coisas desmoronam, foge a fé e ficamos zangados.
Sim, eu sei. Na verdade, não é contigo que me zango. É comigo, por ter acreditado. Não me perdoo tal ingenuidade.
Está bem, não te odeio. Nesse ponto nada mudou.
Mas também, sou sincera:
Nem sei porque falo contigo, quando tu não podes voltar.
Nem milagre seria.
Seria apenas uma brincadeira de mau gosto
De dentro de mim,
solta-se mais uma gota de angústia,
a juntar-se a tantas outras já espremidas.
Aconchegam-se num copo interno,
há muito para lá de meio cheio
(ou meio vazio, se assim o entenderem),
onde se arrumam, aconchegam
e arruínam a minha esperança.
O peito, pesado,
dá-lhes a necessária cobertura,
para que não se soltem ao desvario.
Enquanto as células, o sangue, os nervos,
talvez,
se preparam para a inevitabilidade do tempo
em que de algum lado elas hão de surgir.
Até lá, conto as gotas,
gota a gota,
tempo a tempo,
sonhando que se diluam
num qualquer outro sentir.