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Lembram-se de, aqui há uns anos, se ter falado da geração nem-nem?
Jovens que nem estudavam nem trabalhavam? Jovens desenquadrados que não se reviam em nenhum caminho, que não vislumbravam um futuro e que, sem objectivos ou sonhos, deixavam-se vogar pela vida, a experimentar caminhos vários.
Embora as gerações anteriores também tenham vivido este fenómeno, a geração que está agora nos 30 tornou-o mais evidente, na região onde vivo. Em cada prédio havia pelo menos um nem nem. O que não era pouco.
Conheci vários desses jovens de perto. Ouvi as suas frustrações, as revoltas, as desilusões e ilusões.
Com o tempo vários redescobriram o seu lugar na vida, escrevendo a sua história à sua maneira. Uns voltaram aos estudos, outros ingressaram no mundo do trabalho, vários constituíram família.
Com mais ou menos sucesso pessoal (não falo de finanças mas de satisfação individual) começaram a redescobrir o seu posicionamento no mundo.
No entanto vários ficaram presos nesse limbo de ser nem nem. Dependentes de outros que, frequentemente, desistem deles, deixam passar os dias frente a um qualquer ecrã, a jogar às guerras, ao grand theft auto, a ver séries de anime, procurando refugio num mundo violentamente imaginário, onde são os heróis de uma qualquer vida virtual. Por vezes pouco comunicam para lá da tecnologia, não os vejo felizes.
Aflige-me esta fuga, esta ausência de objectivos, a desistência de si.
Como se algures no caminho tivessem apagado os sonhos e esperanças coloridas e passassem a ver o mundo em matizes de cinzento.
Desistentes de si.
Desistentes da vida.
Desistentes do amor.
Que é essencialmente a mesma coisa.